terça-feira, 20 de julho de 2010

CONTO - Bate, bate mais forte! (FINAL)

Rafic ficou no xadrez durante alguns anos, e nesse tempo fez vários amigos (e inimigos também) que o ajudaram a aprimorar a arte dos crimes, pois ali tinha gente boa pra todo lado, estelionatário, ladrão, traficante...sendo assim, a cadeia pra ele serviu como uma escola teórica, só faltava uma chance de ir pra rua colocar em prática todo seu aprendizado, já que provavelmente não voltaria a ser padeiro novamente...e a chance chegou quando organizaram uma mini-rebelião. Era fogo pra cá, fogo pra lá, reféns pedindo pra ir embora...e o circo tava armado, todo mundo correndo, cada um pra um canto...até que finalmente tudo acabou, a rebelião foi um sucesso, cada um foi pra um lado, e o nosso meninão correu pra casa de dona Carmen...
- Mãe, seguinte, eu fugi daquele inferno, a cadeia é pior que um show do restart...não, nem tanto, mas preciso de um lugarzinho pra ficar até amanha...mas eu juro que amanha eu pego meu rumo, assim a senhora não se complica...
O garotão conseguiu o que queria, só um lugar pra dormir...e ao amanhecer já saiu mundo afora, com um dinheiro que pegou emprestado de sua querida mãe...e com apenas 300 reais em mãos, Rafic simplesmente desapareceu novamente, sem deixar pistas nem rastros...
Passaram-se 4 anos, todos esqueceram de tudo que havia acontecido, dona Carmen não tinha mais esperanças de reencontrar o filho...a vida continuou pra todos (quase todos), e nesse ritmo de "recomeço", todos continuaram a mesma vida que sempre tiveram, como se tudo tivesse sido apenas um pesadelo...
Marcão, dono da padaria onde a arte foi feita, vendeu o ponto e resolveu montar uma outra padaria meio longe dali, numa cidade vizinha...
Os pais de Mônica não tinham mais o que fazer, então usaram o filho mais novo como forma de esquecer momentaneamente o ocorrido...e estava dando certo!
Quarta feira, chovia muito naquela cidadezinha, até que a cidade toda é tomada por um blackout, ficando aquele clima obscuro (literalmente), e 1 hora depois, quando a luz finalmente retorna, uma moça sai correndo gritando em direção a casa de Dona Carmen...
- Seu filho...seu filho...ele...
- Quem?? Aonde??
- Rafic...ele...naquela...
Dona Carmen sai correndo extremamente assustada em direção á praça da cidade, que foi pra onde a moradora assustada apontou...e chegando lá, vários acessórios de sadomasoquismo jogados pra todos os lados...mais pra frente, o corpo sem vida de Rafic estirado com os braços abertos, com um profundo corte no pescoço...logo abaixo dele, a frase escrita com sangue:
MÃE, EU AMO VC!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

CONTO - Bate, bate mais forte! (parte 2)

Mônica foi enterrada, todos ficaram chocados com o ocorrido, e pra piorar um pouco, a cidade era bem pequena, logo todos ficaram sabendo do showzinho de horror protagonizado pelo jovem padeiro, o que deu á ele alguns apelidos do tipo "padeiro maligno" ou até mesmo "maníaco da padoca"...
Mas uma pergunta ainda ficava no ar, aonde estava o infeliz que tirou a vida de Mônica com tamanha frieza e brutalidade? Na pequena e pacata cidade de apenas 8 mil habitantes, só se ouvia falar nisso, o jornal da cidade só focava esse assunto, mas até então nenhuma pista que levava até o assassino. Parecia que tudo estava perdido, nunca mais ninguém teria notícias de Rafic e o crime seria considerado perfeito, quando dona Carmen, mãe do padeiro do inferno recebeu uma carta sem remetente, com uma puta letra horrível dizendo o seguinte:
- "Eu nunca quis tirar a vida de alguem, muito menos de uma garota que eu tanto amava...mas ver que a vida pode ser muito frágil nas minhas mãos, me fez pensar e refletir, nada vai consertar o que fiz, se eu aparecer, vou ser preso e provavelmente não vou sair da cadeia com vida, então eu vou enviando as notícias através da arte."
Carmen não entendeu muito bem o que o filhote quis dizer com "enviar as notícias através da arte", mas ficou pulando de alegria ao saber que o filho estava vivo e relativamente bem, mesmo depois do assassinato, Rafic continuara a ser seu filho, merecia (ou não) um pouco de amor materno...
Terça feira 11 horas da noite, 20 dias após a carta ser enviada á dona Carmen, naquele clima monótono da pequena cidade, o noticiário informa que encontraram uma mulher morta totalmente nua (peladona mesmo), amarrada no orelhão da praça central, com um bilhete amarrado no pulso...
Aquele tipo de cena era muito raro de se ver, mas depois do que aconteceu com Mônica, tudo era possível e logo a polícia divulgou pela TV o conteúdo do bilhete:
- "Saudades, muitas saudades, em breve estarei por aí..."
Dona Carmen ficou abalada com a notícia e assim que leu o bilhete soube que aquela mensagem era pra ela...e mesmo abalada, ficou feliz, pq em breve ele iria retornar...Tempo vai, tempo vem, e nada de Rafic aparecer pra rever sua mãe, até que num belo dia a polícia divulga em primeira mão que acharam Rafic numa cidade vizinha há 45km dali...e agora todos os sonhos de Dona Carmen haviam se desmoronado...mas ainda era cedo pra afirmar esse tipo de coisa, afinal ele podia ser solto, ou a policia prendeu o cara errado, ou era mesmo Rafic, que já tinha um plano pra dar a fuga...quando toca o telefone de Carmen, era mesmo o filho dela que havia sido preso:
- Mãe, eu estou falando com vc pelo telefone da prisão, não sei quanto tempo vou ficar aqui, sei que a senhora não tem dinheiro pra pagar um advogado pra mim, e muito menos eu, mas em breve eu saio, tenho meus planos e muitas coisas pra fazer aí fora, só peço que não fique desesperada...se controla que quando menos esperar, eu estarei aí com uma surpresa...

Continua...

domingo, 11 de julho de 2010

CONTO - Bate, bate mais forte!


Rafic era um jovem de quase 20 anos, sempre extrovertido e carinhoso com todos, trabalhava na padaria do Marcão há muito tempo, todos o conheciam pelo modo com que tratava todos os clientes e amigos...parecia até mesmo um candidato a vereador em época de eleição...
O garotão, mesmo simpático desse jeito, só tinha olhos pra Mônica, sua atual namorada com quase a mesma idade que ele, uma morena extremamente linda, com rosto de boneca e um corpo escultural de dar inveja em qualquer fã de Restart...O jovem casal namorava há apenas 2 meses, por esse e outros fatos, ainda não tinham desfrutado da primeira relação sexual...mas como o clima andava á 100 graus pra esse lindo casal inexperiente, logo logo iriam pro "abate"!
Mônica sempre aproveitava a ausência dos pais pra ler alguns contos eróticos ou até mesmo assistir alguns filmes de "ação"...entre eles as categorias de incesto, grupal, público...mas o que mais deixara a morena atraída, era o sadomasoquismo! Todo aquele clima violento, um tal de "bate-bate" a deixava realmente muito excitada com a situação, sendo assim, nem preciso dizer como ia ser a primeira aventura apimentada deles na cama né? Eis que surge a proposta feita pela moça, ao jovem que não esperava tal atitude:
- Amor, benzinho...estamos caminhando pro terceiro mês de namoro, eu acho que está na hora de concretizar nossos sentimentos...
Rafic se interessa e concorda, mesmo sem intender muito bem do que se tratava:
- Bom, eu também acho, meu bombom de chocolate amargo...mas vc tem alguma idéia de como vamos fazer isso?
- Tenho, agente podia aproveitar a padaria, já que não abre de domingo e não vai ficar ninguém tomando conta...vc tem a chave, é só agente fazer tudo com muito cuidado que ninguém vai desconfiar...
Pronto, agora era só uma questão de tempo até chegar o grande dia...
Quinta feira, todos ansiosos...Sexta feira, Rafic mal aguenta conversar com ninguém, a ansiedade toma conta do rapaz...Sábado, nem sequer saem de casa, dormem bastante pra passar logo o tempo, eis que vira a noite e o sol de domingo queima os olhos do casal apaixonado que esperam apreensivos pela noite...
Mônica se produz toda pra ver o namorado, é como se fosse um encontro de super-heróis, já que ela está parecendo a mulher-gato, de tanto couro que traja...as intenções malígnas tomando conta da moça que leva uma caixinha com alguns brinquedinhos pra apimentar ainda mais a transa, tais como chicote, algema, velas, pedaços de pano pra amarrar Rafic em qualquer lugar e abusar do coitado á vontade. Rafic não fica atrás, seus pensamentos são os mais sacanas possíveis, ele vê imagens produzidas pela própria mente de como vai fazer tudo, de como tudo vai funcionar, de como vai "destruir" sua gata, do que vai falar, de como vai agir...mas não quer decorar nada, quer ser expontâneo e natural...mal sabe ele os planos que a namorada reserva para hoje anoite!
Nove horas, enfrente a padaria...esse era o local marcado para dar início ao treme-treme, então sem cerimônia eles entram imediatamente no estabelecimento, tomam algumas doses de Martini e já com a porta trancada começam as carícias tentadoras...
- Ahhh minha gostosa morena, cor de auto-falante, é hoje que eu te deixo sem ar, vou te chupar até secar a língua...
- Isso meu padeiro tesudo, e aproveita e me bate muito, MUITO, quero ser toda sua, quero que vc me deixe toda vermelhinha...
Embalado pelas palavras picantes, o casal enfurecido agora está naquele clima que todo mundo conhece, mãozinha pra cá, mãozinha pra lá, beijo aqui, beijo ali, roupas sendo jogadas pra qualquer lado, um tapinha aki, outro arranhão ali, eis que a morena tem a idéia de pedir pra que Rafic a amarre perto da janela da padaria:
- Quero ser submissa a vc, quero que me devore, quero que desconte toda sua raiva em mim!
- Seu desejo é uma ordem, meu diamante negro...
No começo, os tapas de Rafic só deixavam a morena cada vez mais excitada, todo aquele clima de luta-livre realmente agradava demais a moça, mas á medida que Mônica ia gritando, o efeito do alcool ia fazendo efeito, os tapas viraram socos, as lambidas viraram mordidas e em poucos minutos a jovem estava com o corpo todo coberto de sangue, e nem por isso o jovem padeiro parou com os "carinhos" que Mônica tanto gostava:
- Está gostando minha gostosa? Sente essa agora!!
(Soco na barriga)
- Agora essa!
(Soco na boca)
- Mais essa!
(Outro soco na barriga)
E nesse ritmo frenético de espancamento, Rafic achava que tudo estava ficando leve demais, já que a moça nem gritava mais, não gemia mais, só respirava bem forte...então ele a desamarra e a arrasta até o quartinho no fundo da padaria, onde uma cama velha e quebrada será o palco da fúria do casal...
- Meu bem...estou meio zonza, porque está saindo sangue da minha boca? Vc me bateu tão forte assim?
- Acho que não, deve ter sido o seu dente do juízo que resolver nascer bem agora, vamos voltar a nos amar!
Agora os 2 pombinhos totalmente fora de si (devido aos efeitos do alcool) se entregam a fúria e começam a se bater sem a mínima noção de força...
- Mônica!! Eu te amo! (Puxão de cabelo + tapa na bunda)
- Rafic!! Eu também te amo! (chicotada nas costas + tapa na cara)
Nessa hora, antes mesmo do ato sexual, Rafic dá uma sequencia de golpes bem fortes no peito da moça, que jorra muito sangue pela boca e para de respirar...
- Amor, tudo bem com vc?
...
- Amor?
Respiração zero, batimentos zero, a moça parte dessa pra melhor, sem ao menos dizer adeus...
Meu deus, o que vou fazer? - Pensa o rapaz, que agora chora com a sua amada toda ensanguentada em seus braços...
No outro dia, logo pela manhã, Marcão, dono da padaria encontrou o corpo encima do balcão do seu estabelecimento comercial, com um bilhete encima que dizia "Ela pediu pra bater, eu bati..."
Rafic está foragido há 4 dias, a polícia não tem pistas do seu paradeiro...


Continua... ou não!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Por um fio...


Imaginem a seguinte situação...
Vc chega do trabalho stressado, puto da vida, com uma vontade incrível de tomar um banho quente, deitar e dormir... Isso acontece? Não, não acontece, pq vc ainda tem que escutar o seu pai te enxer o saco, ou o seu irmão, ou sua irmã, enfim, alguem vai tirar o pouco da sua paz que ainda resta...Com o seu psicológico totalmente pra baixo, com aquela vontade de pular do prédio mais alto da sua cidade, vc se tranca no quarto e tenta descansar...Isso dá certo? Não, não dá certo, pq quando vc menos espera, o telefone toca, uma chamada a cobrar, de um filho do capeta que não se identifica, não fala com quem quer falar, não fala absolutamente porra nenhuma, pronto...esse miserável do inferno roubou seus últimos 2% de paciência, vc desliga a maravilha do telefone sem a menor cerimônia e é só voltar pra cama, isso acontece? NÃO CARALHO! Isso NÃO acontece...pq o verme filho da puta não desiste...ele liga mais e mais vezes, ele quer te ver puto da vida, quer te ver stressado, quer que vc se mate enforcado, afinal ele não sabe o que vc passa, não sabe o que acontece na sua casa, no seu trabalho, ele só quer se divertir, pra essa obra do capeta que deveria estar pegando fogo até a morte, tudo é uma festa, ele quer que vc chingue ele de todos os nomes que vc sabe, e como vc sabe vários, vai demorar um pouco até ele ouvir todos...
Vc entra em desespero, pq é uma raiva que vc vai guardar consigo pro resto da vida, vai fazer o que? Entrar pelo telefone e espancar a desgraça que está tirando suas horas de sono? Essa é a vontade, mas não tem jeito né, então vc é obrigado a tirar o fiozinho do telefone e ficar "incomunicável"...não é a melhor alternativa, mas é a única que pode funcionar...
Outra situação...Vc está em casa, totalmente relaxado, seu dia de trabalho foi bom, vc não brigou com ninguem nesse dia, está tudo indo maravilhosamente bem, quando alguma alma bondoza te liga a cobrar, e como vc é extremamente curioso, deixa a ligação completar, a pessoa fala pra vc sair de casa e ir até a esquina pq ela quer te ver...não fala quem é, não fala o que quer, só fala isso, indo ou não até a esquina, a ligação vai se extender por um bom tempo ainda, pq o FILHO DA PUTA não desiste, a falta do que fazer domina o corpo e a alma dele, o impedindo de ir procurar algo melhor pra fazer do que tirar o sossego de alguem que estava bem até alguns minutos atrás...e vc vai fazer o que? O QUE? Como sempre, a única alternativa é puxar o fio do telefone e tentar ser feliz...
Mais uma pra refletir: vc está no escritório, um cliente liga (provavelmente de um Vesper) e pergunta com uma voz de alguem que está dentro de uma caverna "Ow, o João está aí?"
- Só um minuto, deixa eu ver...
Depois de um tempinho vc volta:
- Então, ele não tá...
- Alô, João?
- Não, ele não tá!
- Então chama ele pra mim!
Nessa hora vc desiste de conversar, respira fundo, conta até 1200, desliga o telefone na cara do desgraçado do cliente, alguma coisa vc faz...eis que toca o OUTRO telefone, aí bate desespero, vc sai correndo pra atender o outro, daí toca o outro, seu celular vibra, patrão te chama, outro funcionário tbm te chama e pronto, vc está totalmente fudido e seu dia está arruinado...
Entre outros motivos né, eu acho, na minha humilde opinião que se o cara que inventou o telefone, estivesse vivo, eu ia cobrir ele de porrada...pessoalmente mesmo, não por telefone!

PS: É nóiz que voa, bruxão!